Acho que estão me vigiando
Recentemente, temos nos deparado com um crescente surgimento de casos de vigilância contra a sociedade civil, que vão desde o uso de stalkerware (aplicações maliciosas de vigilância) no campo corporativo, para espionar funcionáries, até vigilância em massa e direcionada contra ativistas e jornalistas. Dada a amplitude e diversidade de técnicas e precedentes observadas nesse tipo de ataque, torna-se impossível cobrir todos os aspectos da vigilância, especialmente para um apoio de emergência.
Dito isso, este tópico está focado em casos comuns observados na esfera digital, relacionados a dispositivos e contas dos usuáries-finais, que representam emergências nas quais uma resposta é possível. Quando não houver uma solução viável, não vamos considerar a situação uma emergência e não vamos nos aprofundar nela. Mas, para esses casos, vamos compartilhar referências úteis.
Alguns casos não cobertos por este tópico:
- Vigilância física. Se você teme estar sendo alvo de uma vigilância física e precisa de apoio, acione organizações focadas em segurança física, aqui na página de suporte do Kit de Primeiros Socorros Digitais.
- Vigilância em massa com hardwares do tipo CCTV com câmeras em público, em ambientes corporativos e privados.
- Hardwares maliciosos que não dependem de conexão com internet.
Também é importante destacar que, atualmente, todes estamos sendo vigiades de alguma forma, em diferentes níveis:
- A infraestrutura de telefones celulares é desenhada e configurada para coletar uma imensa quantidade de dados sobre nós. Dados que podem ser utilizados por diversos agentes para descobrir detalhes como locais, rede de contatos, etc.
- Serviços online como redes sociais e provedores de e-mail também coletam uma grande quantidade de dados que podem ser utilizados para a segmentação de campanhas de anúncios relacionados aos nossos posts, ou até mesmo mensagens diretas.
- Cada vez mais países tem adotado sistemas que usam nossa identidade e coletam informações através de nossas interações com serviços e instituições públicas como documentos pessoais, nossas interações com a Receita, nossa relação com o SUS, etc.
Esses exemplos de vigilância em massa, além de outros diversos precedentes de operações mais direcionadas, criam um senso de que todes (principalmente no campo ativista) estamos sendo vigiades, o que pode levar à paranoia e afetar nossa capacidade emocional de lidar com ameaças reais. Dito isso, existem casos mais específicos que, dependendo do nosso perfil de risco, do trabalho que realizamos, e as capacidades de potenciais adversaries, podemos suspeitar que estamos sendo vigiades. Se esse é seu caso, continue para os próximos passos.
Um terceiro aviso! Muitos esquemas de vigilância (especialmente aqueles mais direcionados), geralmente deixam poucos em nenhum rastro a mostra para vítimes, tornando a detecção muito difícil ou até mesmo impossível. Não se esqueça disso enquanto estiver navegando por esse fluxo de trabalho, e se ainda acredita que seu caso não está contemplado ou que seja mais complexo do que isso, entre em contato com as organizações listadas no final.
Consideração final: lembre-se de que esforços de vigilância podem ser massivos ou direcionados. Operações de vigilância massiva normalmente abraçam populações inteiras ou grande parte delas, como todos os usuáries de uma plataforma, todas as pessoas de uma determinada região, etc. Estes estão mais relacionados à tecnologia e são menos perigosos do que uma vigilância direcionada, que mira uma ou um número menor de pessoas, que demanda um maior investimento (dinheiro, tempo e/ou capacidade). A vigilância direcionada é mais perigosa do que a vigilância em massa, dadas as motivações por trás de tanto investimento para monitorar as atividades e comunicações de pessoas específicas.
Encontrou algum indicativo de que está sendo vigiade? Clique no start para começar esse questionário.